Especialista em ciência da felicidade, Lucia Barros defendeu poder dos pequenos gestos.

Existe uma ciência para alcançar uma vida mais feliz? Na avaliação da professora Lucia Barros é possível desenvolver a felicidade com esforço e pequenos ajustes diários. Uma escolha que exige coragem, constância e foco.

“Nossa vida é feita pelo ordinário. É isso que vai definir se nossa vida é boa. Ser feliz não é fácil. Exige intenção, foco, disciplina e coragem. Quando você escolhe isso e passa a construir essa felicidade, isso é maravilhoso”, garantiu a especialista em sua participação no 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred).

De acordo com a especialista em mindfulness e Ciência da Felicidade, o mundo em constante transformação alimenta a ansiedade das pessoas. Durante sua palestra, ela citou o artigo do antropólogo norte-americano Jamais Cascio que, em 2018, compartilhou seu entendimento sobre o mundo com a criação do acrônimo BANI. O termo ganhou ainda mais relevância no ambiente corporativo em 2020, com a chegada da pandemia de Covid-19.

Mas o que seria o Mundo BANI?

B: Brittle: Frágil

A: Anxious: ansioso

N: Non linear: Não linear 

I: Incomprehensible: incompreensível

EXPLICANDO OS CONCEITOS 

Frágil: vivemos em um mundo frágil e incerto, ou seja, tudo pode mudar a qualquer momento. Logo, é fundamental que as empresas estejam preparadas para lidar com todo tipo de adversidades. 

Ansiedade: apesar de ser uma emoção natural, em períodos de incerteza, a ansiedade tira o foco, levando a decisões precipitadas ou ainda a paralisar as pessoas.   

Não linearidade: premissa de períodos de incerteza, e um grande desafio para organizações e para a humanidade. Afinal, como alterar tudo o que foi planejado em um curto período de tempo? Como dar aulas em plena pandemia com as escolas fechadas?

Incompreensível: excesso de informações e cenários não previstos dão um “bug” no cérebro humano, que deixa de compreender o que está acontecendo. 

Segundo Lucia Barros, Cascio, o maior futurista vivo, afirma que vivemos em um mundo que alimenta a ansiedade. “Não é à toa que a ansiedade e a depressão são os dois maiores problemas de saúde mental no mundo”, ponderou. 

PEQUENAS REVOLUÇÕES 

Mas o que é possível fazer diante desse cenário? Para a especialista, o primeiro passo é parar de brigar com a realidade. “O que a gente faz é aceitar e compreender, e isso não tem nada a ver com resignação. Tem a ver com ação positiva: entender o problema, aceitar, ver quais ações positivas nas esferas de controle e influência que eu posso tomar, para desenvolver coragem e resiliência”, explicou.  “Não dá pra ficar esperando o dia de sol. É preciso aprender a dançar na chuva”, completou.

Segundo ela, o nosso cérebro tem a vantagem da neuroplasticidade, ou seja, você se torna aquilo que você pratica. Quanto mais vezes você treinar uma coisa, mais ela será possível. Na avaliação da especialista, é possível escolher ser saudável, feliz e produtivo e essa escolha tem impacto no trabalho e na produtividade.

“A gente costuma imaginar que precisa ter uma transformação radical pra ver melhoria na nossa vida pessoal ou profissional. ‘Eu preciso mudar de emprego, eu preciso mudar de cidade, eu preciso me casar com aquela pessoa, eu preciso me separar…’ É sempre coisa grande o que a gente fica imaginando”, citou. 

No entanto, de acordo com a especialista, a revolução real costuma ser gradual e constante, o que ela define como “poder do 1%”.

“Se você decidir se tornar 1% melhor a cada dia, em um ano, você vai ter se tornado 37 vezes melhor do que começou. Esse é o poder da constância”, afirmou. 

Entender isso faz com que as pessoas percebam como o tempo é precioso e que ajustes pequenos podem fazer a diferença. Na avaliação da especialista, a excelência é hábito e para que as pessoas alcancem esse patamar é necessário um ingrediente importante:  a motivação. 

“O maior motivador humano é fazer progresso em direção àquilo que você deseja, ou seja, não há maior motivador do que a automotivação”. 

FELICIDADE EM GOTAS 

E como colocar hábitos de felicidade no cotidiano? Para a especialista, pequenos ajustes diários são o caminho mais direto para quem quer ter saúde, bem-estar e felicidade: 

1– Esqueça o futuro: a felicidade só existe no presente. É preciso ser feliz aqui e agora. “Quando chegar a felicidade que você estava esperando, sua mente já estará em outro ponto. Somos seres insaciáveis”, analisou. 

2– Deixe de lado a cobrança: o mundo não deve nada a ninguém. “Nós é que temos que contribuir com o que é melhor, com quem a gente ama, com colegas e com a família.” 

3– Felicidade é saber que sua vida é boa, significativa e vale a pena. 

4– Coloque seu talento a serviço dos outros. Seja competitivo com os problemas e colabore com os seres humanos.  

5– Viver em presença plena: É dar adeus ao piloto automático e dizer olá a escolhas inteligentes. É parar de reagir aos estímulos do mundo. “Quando a gente reage, a gente repete o passado porque parte de experiências já vividas.  A presença plena garante que você possa olhar para o que está acontecendo e, em vez de repetir erros do passado, tenha melhores respostas”. 

Lucia Barros finalizou sua palestra com uma provocação para o público cooperativista do 15º Concred: “Para garantir presença plena é preciso atenção. Há esforço envolvido. Atenção é a base de todo o processo de aprendizagem. Atenção informa e forma a realidade. No que você está escolhendo prestar atenção na sua vida?”, questionou.

SOBRE O CONCRED

O 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred) é um evento organizado pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras); correalização do SICOOB; apoio institucional do Sistema Ocemg e do Banco Central do Brasil; patrocínio master do Sistema OCB; patrocínio do Sebrae e BNDES — banco de desenvolvimento do Governo Federal. A iniciativa conta com investimento de todos os sistemas de cooperativas de crédito e outros parceiros, totalizando cerca de 70 organizações que acreditam no evento e no poder transformador do coop financeiro.