Escritor britânico John Elkington falou sobre o futuro do capitalismo regenerativo na palestra magna de abertura do 15º Concred.

Ele trabalha há 50 anos com sustentabilidade e é considerado, internacionalmente, o pai desse conceito, além de um dos pioneiros da defesa da pauta ESG — três letrinhas que falam sobre a importância do meio ambiente (environmental), da responsabilidade humana (social) e da governança no mundo dos negócios. Modesto, o escritor britânico John Elkington rejeita o título e garante: “eu posso ser no máximo um padrinho, porque a sustentabilidade teve muitos pais e mães ao longo dos anos. E, apesar de trabalhar há muitos anos com o tema, acho que estou apenas começando.” 

Autor de 21 livros sobre o assunto e membro de 50 conselhos relacionados à responsabilidade social corporativa ao redor do mundo, Elkington ministrou a palestra magna na abertura do 15º Concred, na noite desta quarta-feira (7), em Belo Horizonte. Ele falou sobre seu livro mais recente: Cisnes verdes: o próximo boom do capitalismo regenerativo

“Vivemos em um mundo exponencial, em que as novas tecnologias têm impulsionado mudanças sociais importantes, de forma muito rápida e disruptiva. Basta dizer que nos últimos 15 anos o mundo mudou muito mais do que nos 50 anos anteriores”, comparou. 

Elkington acredita que, para sobreviver a esse novo cenário volátil, incerto, complexo e ambíguo — conhecido pela sigla em inglês VUCA — será preciso reinventar o capitalismo. Como? Tornando-o mais ético e responsável com as pessoas e com o meio ambiente.

“Em 2020, um dos principais centros de estudo financeiro de Londres deu o seguinte aviso para as empresas comerciais e para o capitalismo: ou vocês avançam no quesito sustentabilidade ou terão de sair do nosso caminho”, recordou o escritor.

Na avaliação de Elkington, as cooperativas serão importantes agentes de transformação nesse novo mundo que prima por negócios cada vez mais humanos e sustentáveis. 

“As cooperativas, especialmente as de crédito, me dão muita esperança no futuro porque elas se importam de fato com a sustentabilidade. Vejo que elas têm compromisso com as pessoas e com o planeta muito antes desse assunto ganhar popularidade e relevância. Tanto, que o cooperativismo é protagonista na concessão do microcrédito em diferentes países, incluindo o Brasil”, destacou. 

OPORTUNIDADE

Atento às movimentações do mercado da sustentabilidade, John Elkington fez questão de destacar: o fato de 2025 ter sido declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional das Cooperativas será uma oportunidade de ouro para o cooperativismo ganhar maior visibilidade ao redor do mundo. 

“É preciso aproveitar esse momento para divulgar melhor o que vocês fazem, especialmente em relação à pauta ESG.”

Elkington terminou a palestra lembrando que das 10 prioridades definidas pelo Fórum Econômico Mundial de 2024, cinco estavam relacionadas ao meio ambiente e duas à pauta social. Veja a lista completa:

  1. Eventos climáticos extremos
  2. Mudanças críticas nos sistemas terrestres 
  3. Perdas da biodiversidade e colapsos nos ecossistemas
  4. Redução da disponibilidade de recursos naturais
  5. Má informação e desinformação
  6. Resultados Adversos provocados pela Inteligência Artificial
  7. Migração involuntária (guerras e tragédias climáticas)
  8. Insegurança cibernética
  9. Polarização da sociedade
  10. Poluição

“A pergunta que fica, para vocês que estão fazendo negócios é a seguinte: como continuar relevante no mundo exponencial? As próximas gerações consumirão seus produtos ou protestarão contra eles?”, questionou John Elkington. 

 Cisnes Verdes: a explosão do capitalismo regenerativo

O livro que inspirou a palestra de John Elkington foi publicado no início de 2020 e analisa como as grandes empresas e organizações devem inovar para enfrentar os desafios ambientais e se enquadrar nas novas regras do mercado. O termo “cisne verde” é uma referência à expressão “cisne negro” — que representa a imprevisibilidade dos acontecimentos inesperados e impactantes que trazem consequências para a nossa realidade. Dessa forma, o termo “cisne verde”, de acordo com Elkington, significa o exato oposto. Para ele, cisnes verdes são caminhos que nos levam em direção às coisas que queremos. Alguns exemplos de cisnes verdes são o crescimento do interesse por carros elétricos e a ascensão ao poder de uma nova geração mais atenta à importância da sustentabilidade humana e ambiental.